quarta-feira, 22 de abril de 2009

ALAIN DE BOTTON "A arquitetura da felicidade". P.108- 111

4.
Poucos anos atrás, surpreendido por um pesado aguaceiro, com umas duas horas à toa depois de esperar por um amigo que acabou não aparecendo para almoçar, fui me abrigar num prédio de granito e vidro fumê na Victoria Street, em Londres, sede da filial do McDonald's em Westminster. O clima dentro da lanchonete era solene e concentrado, Os clientes comiam sozinhos, lendo jornais ou olhando para os ladrilhos marrons, mastigando com uma severidade e rispidez que fariam a atmosfera de uma estrebaria parecer sociável e bem-educada.
O ambiente servia para tornar absurdos todos os tipos de idéia: que os seres humanos podem às vezes ser generosos uns com os outros sem esperança de receber alguma coisa em troca; que os relacionamentos ocasionalmente podem ser sinceros; que a vida talvez valha a pena suportar... O verdadeiro talento da lanchonete estava na geração de ansiedade. A luz dura, os sons intermitentes de batatas congeladas mergulhando em bacias de óleo e o comportamento frenético dos funcionários no balcão convidavam a se pensar em solidão e na falta de sentido da existência num universo violento e caótico. A única solução era continuar comendo numa tentativa de compensar o desconforto provocado pelo cenário.
Na entanto, a minha refeição foi perturbada pela chegada de uns trinta adolescentes finlandeses louros e altíssimos. O choque de se verem tão ao sul e de trocar a neve glacial por uma simples chuva os havia deixado extremamente bem-humorados, o que eles expressavam abrindo as embalagens dos canudinhos, cantando alto e pulando nas costas uns dos outros - deixando confusos os funcionários da lanchonete sem saber se deveriam condenar tal comportamento ou respeitá-lo como uma promessa de apetites vorazes.
Levado pelos volúveis finlandeses a encerrar às pressas a minha visita, desocupei a mesa e saí para a praça logo ao lado, onde notei pela primeira vez as formas bizantinas incongruentes e grandiosas da Catedral de Westminster, o seu campanário em tijolos brancos e vermelhos erguendo-se 87 metros nos céus nevoentos de Londres.
Induzido pela chuva e a curiosidade, entrei num saguão cavernoso, mergulhado num breu contra o qual milhares de velas votivas se destacavam, as chamas douradas tremeluzentes sobre mosaicos e representações entalhadas da Via Sacra. Havia cheiros de incenso e sons de preces murmuradas. Pendendo do teto, no centro da nave, um crucifixo de dez metros de altura, com Jesus de um lado e sua mãe do outro. Em torno do altar principal, um mosaico mostrava Cristo entronizado nos céus, rodeado de anjos, os pés descansando sobre um globo, as mãos segurando um cálice transbordando com o seu próprio sangue.
O alarido superficial do mundo externo dera lugar ao deslumbramento e ao silêncio. As crianças ficavam perto dos pais e olhavam em volta com um ar de intrigante reverência. Os visitantes instintivamente sussurravam, como se imersos num sonho coletivo do qual não desejassem emergir. A anonimidade da rua havia se subordinado a um tipo peculiar de intimidade. Tudo que é sério na natureza humana parecia ter despertado: pensamentos sobre limites e infinitude, sobre impotência e sublimidade. O trabalho de cantaria dava relevo a tudo que era acomodado e monótono, e inspirava um desejo de estar à altura da sua perfeição.
Depois de dez minutos na catedral, uma série de idéias que seriam inconcebíveis do lado de fora começaram a assumir um ar de sensatez. Sob a influência do mármore, dos mosaicos, da escuridão e do incenso, parecia totalmente provável que Jesus fosse o filho de Deus e tivesse caminhado sobre as águas do mar da Galiléia. Na presença das estátuas de alabastro da Virgem Maria, em contraste com as seqüências regulares de mármores vermelhos, verdes e azuis, deixava de ser surpreendente pensar que um anjo pudesse a qualquer momento descer, atravessar as densas camadas de nuvens sobre Londres, entrar por uma janela na nave, tocar um trompete dourado e anunciar em latim a iminência de um evento celestial.
Idéias que pareceriam loucura a quarenta metros dali, na companhia de um grupo de adolescentes finlandeses e bacias de óleo para fritura, tinham conseguido - por obra da arquitetura - adquirir suprema importância e majestade.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Suvinil lança concurso para estudantes de cursos técnicos e universitários

Empresa vai premiar com R$ 10 mil os melhores projetos de inovação. Inscrições estão abertas

Por Rafael Frank


A Suvinil lançou concurso para premiar os melhores trabalhos de inovação envolvendo áreas como decoração, química, engenharia, arquitetura e design. A fabricante de tintas vai premiar com R$ 10 mil o primeiro colocado de cada uma das três categorias do concurso: Processo, Ecologia/Sustentabilidade e Decoração

O prêmio é direcionado a estudantes de cursos técnicos e universitários. Para participar, os interessados devem inscrever até 30 de agosto trabalhos que envolvam o aprimoramento de processos para pintura de decoração, de novas matérias-primas e reformulação de produtos sustentáveis. Também podem ser inscritos projetos que apresentem o desenvolvimento de técnicas de aplicação para conseguir novos efeitos ou de combinação de cores que orientem o consumidor no processo de decoração.

Cada trabalho inscrito pode ter participação de até quatro integrantes, no entanto, não há limite de número de projetos propostos por cada um dos concorrentes ou quanto à participação em uma ou mais categorias. Os candidatos serão julgados sob os critérios originalidade, potencial econômico, responsabilidade social e relevância para o consumidor. Os vencedores serão anunciados em 15 de novembro.

Inscrições pelo site www.suvinil.com.br/inovacao.

domingo, 12 de abril de 2009

Pritzker Architecture Prize


Fonte: www.flickr.com





Peter Zumthor foi o vencedor do prêmio Pritzker de 2009. É o "Oscar" da arquitetura. Nascido na Suiça, já fez projetos na Alemanha, Áustria, Holanda Espanha, Inglaterra e seu projeto mais reconhecido é o das Termas em Vals, Áustria (foto).

Um arquiteto do tipo recluso, mas amplamente reverenciado pelos arquitetos pelos poucos, mas poderosos trabalhos. A citação do jurado do prêmio Pritzker “Ele é um talento raro de combinação do pensamento claro e rigoroso com a verdadeira dimensão poética, resultando em um trabalho que nunca deixa de inspirar”.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

46º IFLA World Congress / Concurso para estudantes de arquitetura paisagística Rio de Janeiro, inscrições até 18 de agosto de 2009

Este concurso é patrocinado pela Federação Internacional dos Arquitetos Paisagistas (IFLA) e dirigido pela Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (ABAP).

Objetivo
O objetivo do concurso é reconhecer trabalhos de estudantes de programas de paisagismo que se destaquem no campo do desenho ambiental. O 46o Congresso Mundial da IFLA, que será realizado no Brasil, em 2009, tem como objetivo incentivar a divulgação dos mais elevados padrões de arquitetura paisagística e de seu ensino em todo o mundo. A competição convida equipes de estudantes de graduação de todo o mundo, matriculados em cursos autônomos de Arquitetura Paisagística ou em cursos afins, caso os países não tenham a especialidade como curso de graduação.
Portanto, a língua oficial da apresentação dos trabalhos será o inglês.
Mais detalhes sobre o Concurso:

* Tema
* Local e Escala
* Prêmios
* Elegibilidade
* Requisitos para apresentação de trabalhos
* As regras da competição
* Juízes
* Cronograma da Competição
* Onde você deve enviar as candidaturas?

Esta competição desafia os estudantes de arquitetura paisagística a explorar as temáticas do 46º IFLA World Congress dentro da ótica da sustentabilidade no projeto da paisagem, por meio de novas visões para o futuro.
Nós convidamos os participantes a selecionar um local que provoque a discussão da sustentabilidade e nele desenvolvam projetos que investigar, interrogar, desafiar as atuações tradicionais e propor opções alternativas e sustentáveis para as condições do local. Os projetos deverão também revelar algo sobre a situação social, cultural, econômica e / ou condições políticas relacionadas com o contexto do local escolhido, discutir aplicação de tecnologias, métodos de trabalho associados à intenção estética.

Local e Escala
Os participantes são convidados a escolher seu próprio local de trabalho e a determinar a escala e o contexto do projeto.

Prêmios
Os seguintes prêmios são oferecidos através do presente concurso:
1º Lugar Prêmio Grupo Han de Paisagismo, E.U. $ 3500. Patrocinados pelo Grupo Han.
2º Lugar – Prêmio IFLA Zvi Miller Prize, E.U. $ 2500. Disponibilizado pela IFLA.
3º Lugar Mérito, E.U. $ 1000. Disponibilizado pela ABAP.
Além disso, receberão as equipes vencedoras:

* reconhecimento internacional através de patrocínios e de publicidade IFLA.
* web e possivelmente publicação impressa do concurso apresentação.
* Assistência para viajar para o Congresso IFLA (a ser confirmado!)

Elegibilidade
O Concurso é aberto a todos os estudantes de graduação em Paisagismo, ou cursos com disciplinas conexas (em países ou universidades que não incluam programa formal isolado de graduação em Paisagismo). Ambas as apresentações individuais e de grupo serão aceitas, e a cada aluno ou grupo é permitida apenas uma inscrição.
Inscrições de equipes interdisciplinares são bem-vindas, no entanto, o projeto deve ser coordenado por um estudante de arquitetura paisagística.
O número de membros de cada grupo participante não deve exceder a cinco (5).

Cronograma da Competição
Prazo para inscrições e chegada de trabalhos: 18 de agosto, 2009, independentemente das datas de postagem.
Pré-seleção: 18 de setembro de 2009
Julgamento final: 25 de setembro de 2009
Exposição final e apresentação dos resultados finais: 21/23 de outubro de 2009
Inscrições
As inscrições poderão ser efetuadas através do site ofical ou enviadas por Cd ou DVD para:

ABAP – Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas
Rua Campevas, 115, conj, C - Perdizes
CEP 05016-010 São Paulo SP Brasil

Patrocinadores
IFLA, Grupo Han e SENAC-SP

Mais informações: http://www.vitruvius.com.br/concurso/concurso_detalhe.asp?codigo=124

quarta-feira, 1 de abril de 2009

MUSEU MODERNO DO TATE 2 - Herzog e De Meuron








O Tate Modern 1





O primeiro projeto













O novo projeto


Quando o Tate Modern abriu, em 2000, o número esperado de visitantes era de 1,8 milhões/ano no máximo, quase uma década depois, esse número é de 4,6 milhões. Mesmo sendo “um colosso”, a atual construção do Tate Modern, na antiga central eléctrica de Bankside, o grande número de pessoas que visitam ao longo do ano fez com que um acréscimo fosse quase inevitável.

Hoje, o bairro londrino de Southwark aprovado planos para a Tate Modern 2, de 11 andares, uma pirâmide de folheado de tijolos - projetado por Herzog e de Meuron, dois arquitetos suíços – os mesmos que projetaram o estádio olímpico de Pequim - que transformaram a estação de força, que localiza na transversal Thames a partir da Catedral de Sir Christopher Wren, a Catedral de Saint Paul (1675 to 1710), há quase uma década.

A extensão, um dramático “origami’ como um desdobramento de tijolo e vidro, pode ainda demorar algum tempo para abrir. O custo total está previsto em £ 215m e dos £ 50milhões concedidos pelo governo central, £ 10milhões já foram gastos com as minúcias do processo de planejamento.

Nicholas Serota, diretor da Tate, sugere uma conclusão data de 2013 ou 2014 como mais realista do que 2012 – embora se pretenda que sua inauguração seja ao mesmo tempo que o Centro Aquático de Zaha Hadid.

TM2 como é chamado, já foi redesenhado. A primeira apresentação foi em 2006, o desenho original foi para um estilo de tipo zigurate “Mad Max” em vidro. Interpretado com um pouco de ostentação, foi ajustado para um design atual que, folheados em tijolo, presta uma homenagem para a grande massa de tijolo do Bankside. A remodelação foi necessária também, para permitir ao Tate fazer uso dos três enormes reservatórios de óleo ocultos sob o edifício; estes espaços são assustadores e serão utilizados para espetáculos, galerias e escritórios. Estes serão alguns dos mais inesperados interiores em Londres chega-se por rampas sinuosas, a partir de uma ao lado do Hall das Turbinas, em TM1.

Acima disto, o novo edifício irá subir em estratos, alguns sólidos, outros perfurado, até 11 pavimentos de galerias, culminando em um restaurante de 150 lugares no 10 º andar e Galeria para exibição pública no 11º. Tal como acontece com um zigurate, o piso vai diminuindo de modo escalonado. Em contraste com o volume horizontal do TM1, este novo é uma pilha vertical. Rampas, escadas espirais e oito elevadores irão ligar os vários andares e níveis. O espaço da galeria sem colunas dentro do Tate Modern vai aumentar a capacidade de exibir obras, por cerca de 65%. Que o TM2 será uma atração extremamente popular não deve haver qualquer dúvida.

Fonte:http://www.guardian.co.uk/artanddesign/2009/mar/31/tate-modern-extension

COMPLEXIDADE: A ARQUITETURA DO ARRANHA-CÉU

Palestrante: JEAN CASTEX

Prof. História e Teoria da arquitetura

Escola Nacional Superior de Arquitetura de Versalhes

2ª feira – 06 de abril – 13:30hs

UFRJ - Auditório Archimedes Memoria - Prédio Reitoria - 3º andar.